Cãibras
Cãibras (cramp) |
Contrações musculares involuntárias de curta duração, espasmódicas e dolorosas de um ou mais músculos. São comuns nos indivíduos saudáveis, especialmente após um exercício extenuante. Comumente, as cãibras são inofensivas e não exigem tratamento. Porém, se for esporádica e durante exercícios muito intensos, provavelmente é a chamada “cãibra do esportista“, que pode ser causada por excesso de ácido láctico (ainda contraditório) ou fadiga aguda das fibras musculares.
Moriel Sophia
Cromoterapeuta – Sinaten 0880
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O mecanismo deste fenômeno não foi satisfatoriamente elucidado, mas sabe-se que estímulos dolorosos entrando na medula espinhal (controladora das funções sensitiva e motora) podem causar espasmo reflexo de músculos localizados. Qualquer fator irritativo (frio intenso, falta de fluxo sanguíneo no músculo ou exercício excessivo) local ou anormalidade metabólica de um músculo pode provocar dor ou outros tipos de impulsos sensoriais e que são transmitidos do músculo à medula espinhal, causando assim contração reflexa do músculo.
A literatura aponta várias causas para o surgimento da cãibra, porém não há nada comprovado cientificamente. Entretanto, podem ter como fatores:
- fadiga: um dos principais, parece ser o cansaço muscular em indivíduos mal preparados fisicamente e que se submetem a um esforço físico exagerado.
- calor: chamadas de “cãibras induzidas pelo calor” e associada à sudorese abundante com perda de cloreto de sódio (sal de cozinha).
- doenças: infecciosas ou do sistema motor, como o tétano e que fazem o doente suar intensamente, a ponto de provocar a desidratação, ou seja, a perda de grande quantidade de minerais através do suor.
Podem ter origem:
- vascular: causada por uma circulação inadequada nos músculos, gerando assim uma isquemia local (falta de suprimento de sangue para um determinado grupo muscular).
- neuromuscular: por uma miopatia alcoólica.
- metabólica: intoxicação pode acontecer por: cafeína, hipoglicemias, colchicina e etc. Porém, o que acontece é que o músculo se torna “intoxicado” por metabólitos provenientes da atividade contrátil:
- acido láctico: a acidose é induzida pelo exercício físico. Se a necessidade de oxigênio não é suprida, o estoque de fosfocreatina é consumido e a célula muscular não consegue realizar as etapas intramitocondriais do ciclo de degradação da glicose, gerando o acúmulo de ácido lático. O excesso de ácido láctico intracelular pode baixar o pH celular, o que daria origem à cãibra.
- amônia: produzida durante a oxidação das proteínas, normalmente ela é conduzida ao fígado sob a forma de glutamina ou alanina. Neste órgão é biotransformada em ureia e levada pela corrente sanguínea até os rins, onde é filtrada e excretada. Entretanto, durante a atividade física, o fígado tem sua atividade reduzida e, consequentemente, a transformação de amônia em ureia é muito menos intensa do que em condições de repouso. Com isso percebe-se um maior acúmulo de amônia próximo às fibras musculares e, devido a sua toxidade, pode levar ao estabelecimento das cãibras musculares.
Mas, as grandes perdas de sódio e líquidos costumam ser fatores preponderantes e que predispõem atletas a crises. Por isso, um déficit desses pode tornar os músculos sensíveis. Sob tais condições, uma leve tensão e um movimento subsequente podem levar o músculo a se contrair e a um incontrolavelmente contorcer.
O sódio é um mineral importante na iniciação dos sinais dos nervos e ações que levam ao movimento nos músculos. Isotônicos contêm 90 mg de sódio por 200 ml, a mesma quantidade de um copo de leite ou fatia de pão, ideal para ajuda a repor o sódio perdido e atender aos padrões da Food and Drug Administration – FDA (EUA), para alimentos com baixo teor de sódio. O cuidado com a quantidade de sal está no risco da hipertensão arterial, uma vez que o sal induz a elevação da pressão.
Por muitos anos, atletas atribuíram a cãibra à falta, no organismo, de potássio (hipopotassemia) ou outros minerais como cálcio ou magnésio. No entanto, pesquisas mostram que esses minerais são menos propensos a causá-las. As quantidades de potássio, cálcio e magnésio no suor são baixas se comparadas com as de sódio e cloreto, além do que são facilmente repostos com dieta, tornando raro um déficit desses minerais.
Outras causas potenciais que favorecem a sua ocorrência são: diabetes, doenças neurológicas ou problemas vasculares. O uso de certos suplementos dietéticos (creatina) aponta para um aumento no risco de se ter câimbras musculares. Na falta de um histórico prévio um médico deve ser consultado.
Como prevenção, os atletas devem atentar o seguinte:
- alongamento: sempre antes de começar qualquer exercício.
- hidratação: beber muito líquido durante o exercício.
- sódio: reposição durante os intervalos de exercícios pesados e abundante transpiração através de bebida esportiva/isotônica.
- nutrição: adequada, particularmente para o sal. Deve fazer parte os alimentos ricos em potássio (banana e tomate), com muitas frutas e legumes que contêm minerais. Não é recomendado o consumo demasiado de café ou chá antes do esforço, pois a cafeína pode favorecer o aparecimento de cãibras. È recomendado consumir regularmente em cada refeição: legumes crus, cereais e derivados integrais, frutas frescas e um lacticínio.
- exercícios: evitar após uma refeição (para não gerar isquemia).
- descanso: para os músculos após um treino intenso.
Na ocorrência, durante um exercício ou competição, devem-se tomar as seguintes medidas:
- alongamentos: lentos e gradativos, nos músculos afetados, sem forçar muito (alongue até o limite de tensão do músculo), por estarem normalmente relacionados à mudança na capacidade de peso, alongamentos e os exercícios sem peso são tratamentos efetivos.
- bolsa de água quente: para melhorar o fluxo de sangue para os músculos.
- massagem: deve-se esfregar o músculo afetado, o que pode ajudar a aliviar a dor e também auxiliar no estímulo à corrente sanguínea e ao movimento de líquidos na área.
- recuperação: descanso e reidratação adequada com líquidos que contenham eletrólitos (sódio em particular) trarão melhora rápida.
- água gelada: tomar, por ser de maior absorção, ou seja, é mais rapidamente absorvida em relação à água quente.
Os membros inferiores são os mais atingidos, já que são os que participam no esforço, seja qual for a atividade praticada. No entanto, uma cãibra aparece também durante o descanso e muitas vezes noturna, o que leva a suspeitar de outras causas.
Dado que a cãibra é o resultado de uma disfunção da contração muscular, deve resultar de um dos elementos que intervêm e permitem essa contração. Os músculos mais afetados são gastrocnêmio (barriga da perna ou panturrilha), os isquiotibiais e os abdominais. Ao que parece, acontecem quando as reservas de glicogênio muscular estão esgotadas ou foram muito gastas. Isto implica uma falta de glicídios alimentares.
Assim sendo, apresentam-se as carências em vitaminas e minerais, cujo déficit não permite uma contração muscular normal:
- cálcio: intervém na contração muscular. Diversas são as doenças e condições que provocam a diminuição de cálcio no sangue, entre as quais: distúrbios das glândulas suprarrenais, fadiga muscular, posições incômodas de pernas e braços. Deficiência da concentração de cálcio no sangue (hipocalcemia) resulta na alteração do balanço no interior da célula e consequentemente desequilíbrio no processo de contração muscular. Desta forma, a deficiência deste mineral geraria os espasmos pelo fato de que componentes ionizados do cálcio plasmático são determinantes na manutenção da excitabilidade neuromuscular.
- vitaminas B1, PP e C: também indispensáveis à contração muscular, por interferirem no metabolismo dos glicídios. Portanto, antes do esforço deve-se con-sumir açúcar (glicídios) em quantidade suficiente.